tão perto e tão longe.

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hoje foi daqueles dias em que eu quis ter sensações. de ficar na calçada esperando o farol abrir e em volta 15 pessoas me acompanhavam. de sentir o vento gelado no rosto e pensar que podia ter levado mais uma blusa, mas era só um vento, já esqueci.

foi o dia em que eu saí do trabalho, passei na biblioteca pra respirar o cheiro dos livros e das grandes estantes de madeira. daquela gente que tem cara de inteligente, de que lê tudo que vê pela frente, de quem gosta mesmo daquelas pagininhas velhas.

foi o dia também de andar por aquelas ruas largas do centro de São Paulo e ver aquele tantão de passo acelerado sem saber pra onde cada um estava indo. sem saber se ali morava alguém triste ou alegre, vi até uma moça chorando no telefone, mas também o moço rindo com quem fosse dentro do restaurante.

foi dia de sentir o cheirinho do pão quentinho e café do boteco no Anhangabaú. dia de olhar pra todos os prédios e reparar nas cortinas coloridas que protegiam as janelas do tempo. parecia um jogo de sete erros. cada pano de uma cor, cada tecido era diferente.

foi o dia que eu decidi tentar amenizar seu sorriso da minha memória, se não vou acabar enlouquecendo e talvez, quem sabe, contando pro taxista tudo que passou entre a gente. ele bem que pode me dar um conselho de homem, sei lá, né? vai que ele me ajuda?

foi dia de parar com esse meu jeito de me apaixonar tão fácil com quem é legal demais comigo, porque eu tenho isso de achar que nunca mereço, de achar que a vida pra mim não pode ser assim, não é tão simples. mas muitas vezes ela é, isso passa, eu nem percebo e a razão daquela pequena felicidade vai embora como um mosquito no doce. já foi.

foi o dia em que eu parei de pegar carona com os pensamentos ruins. de afastar aquele cisquinho no olho que aparece por qualquer besteira.

foi assim. o dia em que eu tava só andando por aí. com uma música besta na cabeça e os pés nem doendo por irem pra tão longe.

 

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